terça-feira, 8 de novembro de 2011

A verdadeira paixão.

Um dia, um tal inglês chamado Charles Miller veio à nossa terra tupiniquim trazendo duas bolas velhas e um par de chuteiras com a idéia de bater uma bolinha por aqui, mas o que ele não imaginou foi que aquela atitude faria com que a nossa querida terra mudasse, pois no instante em que um brasileiro trocou olhares com aquelas velhas pelotas de couro, ocorreu o primeiro grande caso de amor da história brasileira, tão grande que nem José de Alencar ou Machado de Assis poderiam transcrever em um livro.
E assim começou o futebol do lado de cá do Atlântico, tão amado e tão odiado, uma relação que nem os deuses de qualquer religião podem explicar. Difícil também é explicar qual é a mágica contida no nosso sangue, pois desde a barriga já estamos chutando, ao nascer já ganhamos nosso primeiro uniforme e em poucos meses já gritamos gol melhor do que dizemos papai ou mamãe.
E como explicar para qual time você torce? Quando te perguntam por que você torce para um time, a resposta é sempre a mesma: “Não sei, torço desde que nasci”, e olha que nem sempre é para o time do seus pais, o que comprova que não um imposição tal como ser médico.
O Brasil é tão futebolístico que nossa política se entrelaça de forma perigosa com o futebol, durante as eleições, podemos ver quase um Palmeiras e Corinthians com bandeiras, coros, e muitas ofensas pra cima de seus adversários, esquecendo até que estamos decidindo pelo futuro do país e não torcendo pela final do “Brasileirão”.
Mas como poderia ser diferente? Se aqui temos o Rei, a Rainha e o príncipe do futebol, como poderia ser diferente se nem mesmo o dramático “maracanazo” pôde nos derrubar, como poderia ser diferente, vendo Pelé, Garrincha, Rivelino, Tostão, Zico, Ronaldo, Romário, Gaúcho, Neymar, simplesmente não há possibilidade de outra coisa nos deixar tão eufóricos e tão apaixonados, e nem o beijo mais doce da mais bela menina (ou menino), consegue nos tirar o foco de uma final de copa do mundo.
Isso é o futebol, é o que faz com que 40mil pessoas lotem um estádio para ver a final da 4ª divisão do brasileiro, o que faz com tatuemos os escudos em nossos peitos, ou que juntemos dinheiro durante 4 anos para deliciarmos apenas 90 minutos de um jogo na copa, como se fosse os últimos de nossas vidas, é claro.
Há os que dizem: “Ah, isso é tudo exagero desse povo que não tem o que fazer”, mas esses aí vão ficar para trás, pois não sabem o que é sentir uma paixão enlouquecida por alguma coisa, e isso é o que importa, apaixonar-se e emocionar-se a cada segundo, mesmo que no final nosso choro seja da mais pura tristeza porque sabemos que no ano que vem o nosso choro será de alegria, e isso é uma certeza inabalável que nem o mais cético dos cientistas pode contestar, pois nada pode!
Futebol não pode ser  ensinado, futebol não pode ser explicado ou desvendado, pois o futebol se explica dentro daquelas quatro linhas de cal durante os 90 minutos da final da copa do mundo, ou do bairro, pois no fim a importância é a mesma, o sentimento é o mesmo e sempre será, pois paixão é paixão e isso não se explica. 

Deixo aqui minha singela homenagem a um dos maiores narradores da história do futebol que sofreu com as derrotas e vibrou com as vitórias como só um verdadeiro apaixonado poderia fazer, e morreu deixando muitas saudades. 
Desejo eterna felicidade à Luiz Mendes.


Galera, ataquei de cronista, espero que tenham gostado. Fiz esse texto para o jornal do meu departamento na IBM, mas achei legal postar aqui também, que me perdoem os céticos, pois essa é uma homenagem aos saudosistas do futebol, pois são eles que contam a história e sem eles o futebol não é nada. 

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